A discussão sobre a magreza como padrão de beleza voltou a ganhar força em 2025, especialmente após a proibição de anúncios de moda no Reino Unido que exibiam modelos consideradas “excessivamente magras”. Essa decisão reacendeu debates sobre os impactos sociais, de saúde e culturais desse padrão, que já foi dominante nos anos 1990 e início dos anos 2000.
Enquanto algumas marcas defendem que suas modelos são saudáveis, especialistas e ativistas alertam para o risco de retrocesso, principalmente após avanços recentes no movimento de positividade corporal. Mas será que a magreza realmente voltou para ficar na moda? E quais são as consequências dessa tendência para a saúde e autoestima das mulheres?
Tendência da magreza volta à discussão
O retorno da magreza como tendência ficou evidente após a proibição de anúncios de grandes marcas como Zara, Next e M&S no Reino Unido. O órgão regulador local recebeu um aumento expressivo de reclamações sobre campanhas que exibiam modelos com aparência considerada “magra demais”. Segundo a ASA, o número de queixas saltou de cinco para mais de vinte por semana após o veto de um anúncio da M&S.
Esse movimento reacende o debate sobre o chamado “heroin chic”, estética marcada por rostos secos e ossos aparentes, que dominou as passarelas nos anos 1990. Para a modelo e ativista Charli Howard, entrevistada pela BBC, a moda está prestes a reviver esse padrão, impulsionada tanto por campanhas publicitárias quanto por conteúdos nas redes sociais.
O retorno da magreza
Apesar do avanço do movimento de positividade corporal na última década, a magreza extrema nunca deixou de ser um padrão silencioso na indústria da moda. Charlotte Holmes, modelo e professora de ioga, afirma que a demanda por corpos ultrafinos sempre existiu, mesmo durante períodos de maior inclusão. Ela destaca que termos como “heroin chic” e tendências como “skinnytok” mostram como ideais prejudiciais podem ressurgir rapidamente.
Especialistas apontam que, atualmente, a busca pelo corpo magro ganhou um novo aliado: os medicamentos para emagrecer, que se popularizaram entre celebridades e influenciadores. Segundo Victoria Moss, consultora de moda entrevistada pela BBC, a magreza passou a ser vista como um imperativo moral de saúde, impulsionada pelo uso dessas medicações.
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Influência das redes sociais na moda
As redes sociais desempenham um papel central na disseminação de tendências e padrões de beleza. Hashtags como “skinnytok” no TikTok, que exaltam a magreza extrema, foram bloqueadas após críticas de especialistas e ativistas. Ao mesmo tempo, influenciadores e celebridades têm grande poder de influência sobre o público, seja promovendo dietas restritivas, seja incentivando a aceitação do próprio corpo.
O Instagram, por exemplo, foi fundamental para o crescimento do movimento de positividade corporal, dando visibilidade a modelos plus size e marcas que celebram a diversidade. No entanto, a recente valorização do corpo magro mostra que a batalha por representatividade ainda está longe do fim.
Comparação com padrões de beleza anteriores
Na década de 2010, o movimento de positividade corporal ganhou destaque, impulsionado por celebridades como as Kardashians e marcas como Savage x Fenty, de Rihanna. Modelos plus size passaram a ser contratadas por grandes nomes da moda, e a diversidade de corpos foi celebrada em campanhas e desfiles.
No entanto, dados recentes mostram que a presença de modelos plus size nas passarelas diminuiu: apenas 0,8% dos looks apresentados em 2024 eram de modelos com esse perfil, segundo a revista Vogue. Esse cenário indica uma possível volta ao padrão de magreza como referência principal.
Impactos sociais dos padrões de beleza
Os padrões de beleza impostos pela indústria da moda têm efeitos profundos na autoestima e no comportamento das mulheres. A estilista Simone Konu-Rae, da Universidade das Artes de Londres, ressalta que a exposição constante a corpos extremamente magros pode ser prejudicial, já que essa não é a realidade da maioria das pessoas. Ela defende que mostrar mais diversidade corporal é fundamental para que todas se sintam representadas e confiantes.
O retorno das silhuetas dos anos 1990, como calças de cintura baixa e tops curtos, também contribui para a valorização do corpo magro. A consultora Keren Beaumont alerta que essas tendências, quando apresentadas apenas em modelos muito magras, reforçam padrões ultrapassados e excludentes.
Consequências para a saúde física e mental
A pressão para se encaixar em padrões de magreza pode desencadear problemas sérios de saúde física e mental, como distúrbios alimentares, ansiedade e baixa autoestima. O órgão regulador britânico destaca a importância de proibir anúncios que possam causar danos, especialmente em um contexto onde os transtornos alimentares são uma preocupação crescente. Além disso, a busca incessante pelo corpo magro pode levar ao uso indiscriminado de medicamentos para emagrecer, que devem ser prescritos apenas por profissionais de saúde.
Como promover uma imagem corporal saudável?
Para combater os efeitos negativos dos padrões de beleza restritivos, especialistas recomendam valorizar a diversidade e promover uma relação mais equilibrada com o corpo. Isso inclui consumir conteúdos que celebrem diferentes formas e tamanhos, buscar informações confiáveis sobre saúde e evitar comparações prejudiciais nas redes sociais.
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Marcas e influenciadores também têm responsabilidade nesse processo, ao escolher modelos que representem a pluralidade de corpos e ao evitar mensagens que associem a magreza à felicidade ou sucesso.
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