A maternidade é transformadora. Quem vive sabe: muda a rotina, os sentimentos e até as prioridades. E quando chega o momento de retomar a vida profissional, surgem novos desafios. Conciliar o cuidado com os filhos e as exigências do trabalho é uma realidade para muitas mulheres, e que precisa ser discutida com mais seriedade.
O papel da maternidade na vida profissional
A presença feminina no mercado de trabalho cresceu muito, mas ainda existe uma cobrança forte sobre as mães. Muitas mulheres sentem que precisam escolher entre seguir na carreira ou cuidar da família em tempo integral, como se uma coisa anulasse a outra. Em meio a tantas cobranças, é comum que muitas mulheres deixem de lado objetivos profissionais ou se sintam em dívida por não acompanharem todos os momentos da vida dos filhos.
A realidade da licença-maternidade
A licença-maternidade é um direito, mas nem sempre é respeitada como deveria. Após o retorno ao trabalho, muitas mães relatam dificuldade para se reintegrar, lidar com julgamentos e retomar o ritmo. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, quase metade das mulheres que tiram licença não permanecem no mercado de trabalho dois anos depois. Esse dado mostra como a estrutura profissional ainda não está preparada para acolher quem retorna da maternidade.
Desafios emocionais e psicológicos
Voltar ao trabalho após a licença não é apenas uma mudança na agenda. Também envolve emoções intensas: insegurança, ansiedade e medo de não ser valorizada como antes. É comum sentir que se precisa provar competência o tempo todo. Isso prova que o apoio emocional no ambiente corporativo faz toda a diferença. Um espaço de escuta e acolhimento ajuda a reduzir o estresse e melhora a saúde mental das colaboradoras.
A disparidade salarial e a maternidade
O desequilíbrio entre salários de homens e mulheres ainda é um problema no Brasil e para as mães, ele pode ser ainda maior. Estudos mostram que mulheres com filhos recebem, em média, menos do que aquelas sem filhos e muito menos que os homens.
Essa diferença tem relação com estereótipos ultrapassados de que mães são menos produtivas ou menos comprometidas. Quando, na verdade, elas desenvolvem habilidades importantes para o ambiente de trabalho, como organização, resiliência e foco.
A importância de mais flexibilidade
Ter horários rígidos e poucas possibilidades de adaptação pode dificultar muito a vida das mães. A flexibilidade, seja com home office ou carga horária mais leve em certos períodos, pode ser a chave para manter o equilíbrio entre as responsabilidades profissionais e familiares.
Quando a empresa oferece essa abertura, a qualidade de vida melhora. E, em consequência, a produtividade também.
Modelos de trabalho que acolhem
Algumas atitudes simples no dia a dia das empresas podem fazer toda a diferença para quem é mãe. Criar um ambiente mais acolhedor e respeitoso não exige grandes revoluções. Veja alguns exemplos:
Licença-maternidade mais longa
Oferecer um tempo maior de afastamento do trabalho permite que a mãe viva com mais tranquilidade os primeiros meses com o bebê. Esse período extra ajuda na adaptação da nova rotina, fortalece o vínculo com o filho e reduz a ansiedade na hora de voltar ao trabalho. É um gesto que demonstra que a empresa valoriza tanto a saúde emocional da colaboradora quanto a qualidade do retorno dela.
Espaço para amamentação
Ter um ambiente limpo, seguro e reservado para que as mães possam amamentar ou extrair leite durante o expediente é mais do que uma boa prática, é respeito. Além de facilitar a rotina, essa estrutura mostra que a empresa está atenta às necessidades reais de quem vive essa fase da vida.
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Apoio psicológico
O pós-maternidade pode ser um período de muita cobrança, insegurança e estresse. Oferecer acompanhamento psicológico dentro da empresa, ou mesmo facilitar o acesso a esse tipo de suporte, é uma forma de cuidar da saúde mental das funcionárias. E quando a mente está bem, o desempenho melhora naturalmente.
Programas de mentoria para mães
Criar espaços onde mães possam trocar experiências com outras profissionais, conversar sobre desafios, dividir aprendizados e receber orientações, fortalece o senso de pertencimento. Além disso, a mentoria ajuda a reconstruir a autoconfiança e impulsionar o desenvolvimento profissional, mostrando que ser mãe e crescer na carreira podem andar juntos.
A importância de falar sobre o assunto
Falar sobre maternidade no ambiente de trabalho não é só importante, é necessário. Quando esse assunto ganha espaço nas conversas dentro das empresas, muita coisa começa a mudar: o olhar fica mais empático, os julgamentos diminuem e o ambiente se torna mais saudável para todo mundo.
Mas essa conversa precisa ir além da empresa. É hora de o tema chegar com força também nas decisões públicas. As mães precisam de políticas que realmente funcionem no dia a dia: mais vagas em creches, ampliação da licença-maternidade, programas que ajudem na volta ao mercado de trabalho e incentivos pra que os pais também participem mais.
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E se você é mãe, sabe bem: quando o assunto é maternidade e trabalho, não dá pra tratar como se fosse uma escolha entre um ou outro. A verdade é que dá, sim, pra cuidar dos filhos com amor e ainda se dedicar à sua profissão com competência. Não é fácil, claro. Mas com apoio, respeito e menos julgamento, esse equilíbrio é totalmente possível.