Popularizado por celebridades e nas redes sociais, o chamado chip da beleza ganhou notoriedade com promessas de benefícios que vão do aumento da libido e ganho de massa muscular à redução de cólicas e sintomas da TPM. No entanto, por trás do nome popular, existe um tratamento hormonal complexo que gera debates e exige cautela. Especialistas alertam que o termo é inadequado e que a indicação do procedimento deve ser estritamente médica, nunca puramente estética.
Embora alguns efeitos estéticos, como a diminuição de gordura e o ganho de massa magra, possam ocorrer, eles são consequências do tratamento hormonal, e não o objetivo principal. Padronizar o dispositivo com um nome que remete a um padrão de beleza único é um dos pontos de atenção. Entender o que realmente é este implante, como funciona e quais são seus riscos é fundamental antes de considerar o seu uso.
O que é e como funciona o implante hormonal?
O que ficou conhecido como “chip” é, na verdade, um implante hormonal. Trata-se de um pequeno tubo de silicone, com cerca de 3 cm, que é inserido sob a pele, geralmente na região do glúteo ou do braço. Este dispositivo contém hormônios, como a gestrinona, que são liberados de forma gradual e contínua na corrente sanguínea. A sua duração pode variar de seis meses a um ano.
O apelido popular surgiu devido aos efeitos androgênicos da gestrinona, que podem levar à melhora da celulite, diminuição da gordura corporal e aumento da massa muscular. Segundo ginecologistas, essa associação com a melhora do desempenho físico e estético impulsionou sua popularidade, especialmente entre mulheres que buscam otimizar a forma física.
Imagem: Reprodução/ Dr. Igor Padovesi Ginecologista
Indicações terapêuticas: Para quem é recomendado?
É fundamental esclarecer que a finalidade dos implantes hormonais não deve ser estética. A sua indicação é terapêutica e precisa ser avaliada por um médico ginecologista. As principais condições que podem ser tratadas com o uso de implantes hormonais incluem:
- Endometriose e adenomiose;
- Fluxo menstrual excessivo;
- Sintomas severos de Tensão Pré-Menstrual (TPM);
- Reposição hormonal durante a menopausa (utilizando outros hormônios, não necessariamente a gestrinona).
Por outro lado, existem contraindicações importantes. Pessoas com histórico de trombose, fatores de risco cardiovascular elevados, ou insuficiência renal e hepática não devem utilizar este método. A avaliação médica individualizada é indispensável para garantir a segurança do paciente.
Quais são os possíveis efeitos colaterais?
Apesar dos benefícios terapêuticos para casos específicos, o uso de implantes hormonais acarreta riscos e possíveis efeitos colaterais. A manifestação dessas reações adversas varia de pessoa para pessoa, mas as mais comuns estão ligadas ao aumento dos hormônios androgênicos no corpo.
Entre os efeitos colaterais mais relatados estão:
- Aumento da oleosidade da pele e surgimento de acne;
- Queda de cabelo (alopecia androgenética);
- Aumento de pelos no corpo e no rosto (hirsutismo);
- Alteração no timbre da voz, tornando-a mais grave;
- Aumento do clitóris (clitoromegalia), em casos mais raros.
Relatos de influenciadoras digitais que utilizaram o método e sofreram com efeitos colaterais severos servem de alerta. Em alguns casos, as consequências negativas impactaram a autoestima e o bem-estar, reforçando a necessidade de um acompanhamento médico rigoroso e uma decisão bem informada.
A influenciadora Nah Cardoso foi uma das mulheres que experimentou o método, mas não teve resultados satisfatórios. Ela enfrentou diversos efeitos colaterais que passaram a impactar sua autoestima e estilo de vida. Assista a seguir, o que ela compartilha em seu canal do YouTube sobre o “chip da beleza”:
Qual o valor do procedimento?
O custo para a colocação do implante hormonal pode variar consideravelmente. Fatores como a clínica escolhida, a cidade, a dosagem hormonal prescrita e os honorários do profissional influenciam no preço final. Em média, o valor do procedimento pode variar entre R$ 2.000 e R$ 5.000.
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Perguntas frequentes
O implante hormonal funciona como método contraceptivo?
Sim, a gestrinona presente no implante tem ação contraceptiva, pois inibe a ovulação. No entanto, sua indicação primária não deve ser apenas para evitar a gravidez, e sim para tratar condições médicas específicas.
É possível retirar o implante antes do prazo final?
Sim, o implante pode ser removido a qualquer momento através de um pequeno procedimento ambulatorial realizado pelo médico que o inseriu.
Os efeitos colaterais desaparecem após a retirada do implante?
A maioria dos efeitos, como acne e oleosidade, tende a regredir após a remoção.
O implante hormonal engorda?
Geralmente, o efeito esperado é o contrário: a redução da gordura corporal e o aumento da massa magra. No entanto, as respostas hormonais são individuais e o acompanhamento médico é fundamental.
Qualquer médico pode colocar o implante hormonal?
Não. O procedimento deve ser realizado por um médico, preferencialmente ginecologista, com experiência em implantes hormonais, após uma avaliação clínica e laboratorial completa do paciente.